Escola Prática de Cavalaria – um debate adiado…
O espaço no passado ocupado pela Escola Prática de Cavalaria tem nos últimos anos sido atribuído, de forma perfeitamente arbitrária, sem estratégia ou planeamento concretamente definidos, comprometendo seriamente o futuro daquela enorme área de 23 ha.
Não estão aqui em questão a necessidade, o direito e a legitimidade que as diversas entidades que lá estão instaladas têm de ter um espaço para a sua sede e para as suas atividades, nada disso. A questão está na forma ad-hoc como as coisas estão a ser feitas.
Trata-se, como sabemos, de um dos mais nobres espaços e também dos com maior potencial da cidade e assim vital no seu desenvolvimento. Poucas cidades se poderão gabar de ter um espaço assim.
Um dia em que alguém queira tomar a sério o planeamento e a estratégia neste concelho e fazer dali algo de estruturante e pensado para a cidade, já certamente que não o conseguirá. Na minha opinião, o futuro da ex-EPC está já hoje comprometido.
Já o futuro MAVU (Museu de Abril e dos Valores Universais), que tem estado previsto, e neste caso muito bem, para zona nobre daquela área, parece estar esquecido e menorizado no seu interesse pela Câmara Municipal e pelo seu Presidente, sem qualquer avanço e com explicações de circunstância dadas a custo e incompletas após insistentes pedidos na Assembleia Municipal. O exaustivo programa está há muito concluído pela Comissão Executiva independente e entregue à Câmara Municipal, sem seguimento aparente…
E por tentar corrigir esta situação pouco ou nada se vê fazer, para além de referências críticas que eu e outros deputados municipais temos feito na Assembleia Municipal, pois ações mais conclusivas que ali se têm tentado são impedidas pela maioria que suporta a Câmara Municipal por óbvio desinteresse em que este assunto seja sequer objeto de discussão.
Mas a culpa não pode ser exclusivamente atribuída à Câmara, mesmo que o seja essencialmente. Todos nós, políticos ou simples cidadãos, partidos ou outras entidades, como associações, etc., somos responsáveis por conivência quando deixamos que as coisas assim se passem, quando permitimos que o futuro de Santarém, no que ainda resta, fique comprometido.
Por isso mesmo, a AMSIC (Associação Mais Santarém – Intervenção Cívica), consciente de que este é um dos principais problemas dos muitos que Santarém tem para resolver, tomou a iniciativa de promover um debate sobre o futuro da ex-EPC que chegou a estar agendado para 4 de maio passado. Pretendia-se ouvir os ex e o atual Presidentes da Câmara. Para o mesmo dia estava prevista uma visita ao espaço da ex-Escola acompanhada pelos Coronéis Correia Bernardo e Garcia Correia, bem conhecedores das instalações. Por comunicação, já após a divulgação pública do evento, o atual Presidente, Ricardo Gonçalves informou não ter agenda para participar, pelo que a Conferência foi adiada, ficando de se realizar em data a sugerir pelo Presidente da Câmara e que fosse compatível com as agendas dos restantes participantes, dada a presença de todos ser fundamental nesta discussão. Até hoje não chegou qualquer resposta do gabinete da Presidência… e assim sentimos que o evento (pelo menos da forma que tinha sido concebido) ficou gorado… Mas o assunto não está, nem pode ficar, esquecido. A ele se voltará muito em breve…
Outubro 2019
Francisco Mendes